Dra. Joyce Rinoldi

Geralmente quando pensamos em métodos contraceptivos, estamos pensando em métodos para evitar uma gravidez. Mas você sabia que existe também a contracepção de emergência, para situações de exceção? 

Quem é a médica ginecologista que irá te ajudar?

A Dra. Joyce é ginecologista e possui o atendimento voltado à mulheres na idade reprodutiva, atuando na prevenção, diagnóstico e tratamento de diversas condições ginecológicas. Além disso, é especialista e atende diversas mulheres que buscam um método contraceptivo e o poder de escolha.

Dra Joyce e inserção de DIU

A Dra. Joyce irá te avaliar desde a anamnese, com perguntas gerais e específicas sobre seu desejo, estilo de vida, problemas de saúde e história familiar. Depois irá realizar o exame físico, podendo realizar também exames de acordo com a necessidade, mantendo sua rotina ginecológica em dia. 

Posteriormente, juntas, vocês irão discutir sobre os métodos contraceptivos disponíveis e qual se encaixa melhor para você, suas vontades e o seu cotidiano.

Formada pela Universidade do Vale do Sapucaí em Pouso Alegre – MG, realizou sua residência médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo Instituto Materno-Infantil (Hospital Vila da Serra) em Nova Lima-MG e possui o Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Febrasgo.

Se você deseja um método contraceptivo de emergência e não sabe qual o melhor método para você. Ou se você busca iniciar um método regular e conhecer quais estão disponíveis atualmente, agende a sua consulta! Segue abaixo, algumas avaliações de pacientes que passaram pela consulta com a Dra. Joyce. Veja o que elas tem para dizer:

Afinal, o que é a contracepção de emergência? 

É um método utilizado para evitar a gravidez após a relação sexual desprotegida, falha contraceptiva (como no rompimento do preservativo ou esquecimento da pílula) ou quando ocorre um intercurso sexual contra a vontade da mulher (agressão, coerção ou exploração sexual).

Quando realizado através de comprimido, é também conhecido como “pílula do dia seguinte”.

Possui indicação individualizada e utiliza um composto hormonal ou não, dentro de um curto período de tempo entre a relação sexual e sua administração com o objetivo de prevenir uma gestação não desejada.

Flores - ginecologia

Se não é o ideal, por que este método é tão importante?

Sabe-se que o número de gestações não planejadas é muito alto e em conjunto, cerca de 25% dessas gestações acabam em abortamento que, muitas vezes, são realizados de forma insegura colocando a vida de muitas mulheres em risco. 

A gestação indesejada ocorre não só de relações sexuais desprotegidas ou do uso de método contraceptivo de forma irregular, mas infelizmente, ocorrem também devido a uma alta prevalência de violência sexual. 

Com este método de emergência é possível diminuir o número de abortamento não hospitalar, reduzindo o risco e o sofrimento de muitas mulheres.

Qual a eficácia da contracepção de emergência?

Assim como os outros métodos contraceptivos (pílulas combinadas orais, pílulas de progestagênio isolado, DIU, implante subdérmico, adesivos ou injetáveis), a contracepção de emergência pode ter sua efetividade mensurada através do Índice de Pearl.

Tabela de índice de Pearl


Este índice nos mostra o risco de ocorrer uma gravidez em cada 100 mulheres que usam o método durante um ano. Quanto menor o índice de Pearl, menor a chance de engravidar. Podemos ainda avaliar a diferença entre o uso “ideal” que é o uso perfeito e o uso “real”, quando eventualmente o uso não é perfeito.

Outra forma que podemos avaliar é pelo Índice de Efetividade, que calcula o número de gestações prevenidas por cada relação sexual. Neste caso, o índice é de 75%, ou seja, pode evitar 3 em cada 4 gestações após uma relação sexual desprotegida. 

A taxa de gravidez acumulada de 1 ano em mulheres que escolheram o DIU foi de 6,5% contra 12,2% das que escolheram o Levonorgestrel (sendo que, este último previne ⅔ das gestações se iniciado no prazo de 24 horas do ato sexual).

Apesar destas formas de avaliação do método, sua eficácia pode variar significativamente principalmente pelo tempo entre a relação desprotegida e o seu uso. Por isso, é recomendado que a anticoncepção de emergência seja utilizada em até no máximo 5 dias após a relação sexual desprotegida. Porém, para uma maior eficácia, em até no máximo 72 horas.

Um ponto importante que não podemos deixar de lembrar é: 

O uso repetitivo ou frequente da anticoncepção de emergência pode reduzir sua eficácia, que sempre será menor que o uso de um método contraceptivo de rotina.

Fiz uso da contracepção de emergência e o método falhou ou fiz e não sabia que estava grávida, há algum risco para o feto?

Ainda que estas duas situações exponha o feto à medicação, não há evidências epidemiológicas do aumento na incidência de anomalias fetais nos fetos destas mulheres. 

Fecundação

Afinal, qual é o mecanismo de ação deste método? Podemos considerar como um método abortivo? 

Para entender melhor, vamos lembrar do “período fértil”:

  • Considerando um ciclo menstrual de 28 dias, contamos 14 dias a partir do primeiro dia da menstruação. Acrescentamos 3 dias antes e 3 dias depois e assim, temos o período fértil.
  • Varia para cada ciclo e para cada mulher, de acordo com a ovulação mais precoce ou mais tardia.

O mecanismo de ação varia também de acordo com a fase do ciclo menstrual em que é utilizado:

  • Na primeira fase do ciclo (antes do pico do hormônio luteinizante – LH): irá alterar o desenvolvimento dos folículos e impedir a ovulação ou retardando-a por vários dias. Desta forma, o espermatozóide não terá contato com o óvulo. 
  • Na segunda fase do ciclo (após a ovulação): irá alterar o transporte dos espermatozoides e do óvulo nas trompas.

Outros mecanismos de ações são:

  • Altera o muco cervical, tornando-o espesso e hostil, dificultando ou impedindo a migração dos espermatozóides até as trompas (em direção ao óvulo)
  • Interfere na capacitação dos espermatozóides

Já o DIU atua de forma eficaz evitando a fecundação e implantação do óvulo fertilizado no útero. Ele interfere na mobilidade e na viabilidade dos espermatozoides, dificultando sua ascensão até as trompas. Além disso, no DIU de cobre, o cobre tem um efeito tóxico sobre os espermatozoides e pode alterar o ambiente uterino.

Através destes mecanismos é que  a anticoncepção age e impede a fecundação e isto ocorre sempre antes da implantação. Desta forma, não há evidências científicas que irão exercer efeitos após a fecundação ou que implique a eliminação precoce do embrião.

Como é realizada a contracepção de emergência?

Primeiramente, considerando medicações por ingestão de comprimidos, temos duas opções:

  • Método Yuzpe: utiliza anticonceptivos hormonais orais combinados com etinilestradiol e levonorgestrel (pílulas combinadas com estrogênio e progestágeno sintético). Este método pode ser administrado até 5 dias após a relação sexual desprotegida.
  • Progestágeno isolado, levonorgestrel, que também pode ser utilizado em até 5 dias após a relação sexual desprotegida. 

Além destas medicações citadas acima, em que o progestágeno isolado é o mais utilizado, temos também o DIU, que é não só um método de longa duração mas também um método para contracepção de emergência. 

  • O DIU pode ser inserido até 120 horas após a relação sexual, não devendo ocorrer mais do que 5 dias da ovulação (se puder estimar esse dia).
  • O DIU ainda fornece uma proteção por anos após sua inserção.

Importante ressaltar que, para você decidir qual o melhor método, a dosagem e forma de usar, agende uma consulta com a ginecologista. Além de receber este suporte, aproveite a consulta para preparar e iniciar posteriormente, um método regular com uma eficácia e proteção ainda maior.

Existem efeitos colaterais?

Os efeitos mais comuns são náuseas e vômitos, entre 40-50% e 15 a 20%, respectivamente. 

Outros efeitos, mas menos frequentes, são:

  • Dor de cabeça
  • Dos nas mamas
  • Tontura

Tais efeitos podem ocorrer nas primeiras 24 horas e com melhora espontaneamente. Geralmente a medicação é bem tolerada pelas mulheres. 

No caso do DIU, pode ocorrer dor abdominal mais frequentemente que os outros métodos.

Usei a “pílula do dia seguinte”, isto pode alterar meu ciclo menstrual?

A maioria das mulheres não apresentaram alterações significativas no ciclo menstrual.

Em 15% dos casos a menstruação adianta, em cerca de 15% dos casos ela pode atrasar em até 7 dias e outros 13% atrasa em mais de 7 dias. 

Em todos os casos, estas alterações melhoram espontaneamente, mas o uso frequente da anticoncepção de emergência pode acentuar os transtornos menstruais e dificultar o reconhecimento das fases do ciclo menstrual e então do período fértil. 

Flores absorvente

Quando eu não posso usar a contracepção de emergência?

A única contraindicação absoluta é a gravidez confirmada – Categoria 4 da Organização Mundial da Saúde. 

Mesmo aquelas mulheres que possuem contraindicações ao uso de anticoncepcionais orais combinados, como história prévia de acidente vascular cerebral (AVC), tromboembolismo, enxaqueca com aura ou diabetes com alterações vasculares, podem fazer uso após orientações médicas. Mas nestes casos, devemos dar preferência ao uso do Levonorgestrel isolado ou DIU.

Para finalizar:

A contracepção de emergência é uma ferramenta valiosa para prevenir a gravidez indesejada após situações de risco, como relações sexuais desprotegidas ou falha de métodos contraceptivos. Embora não deva ser usada como método regular, oferece uma opção eficaz e acessível para situações imprevistas. Com alternativas como a pílula do dia seguinte e o DIU, é importante que a mulher busque orientação médica para escolher a melhor opção, considerando seu perfil e necessidades. A conscientização sobre essas opções fortalece o empoderamento feminino na gestão da saúde reprodutiva.